Esta é a história de José Ribeiro relatada pela Professora Conceição Almeida Coelho que foi durante muitos anos professora desta escola.
Este homem a quem todos chamavam Zé Gaio, à excepção da Professora Conceição que sempre o tratou por Sr. José Ribeiro e a quem ele carinhosamente apelidava de “ menina princesa”, não teve uma vida fácil.
Como não tinha casa, comia em casa das pessoas da aldeia e como forma de pagamento, ajudava-as indo buscar lenha, munha, folhas e frutos selvagens que serviam para fazer compotas.
Zé Gaio era presença habitual em casa dos pais da Professora Conceição a quem esta lhe contava imensas histórias.
Certo dia, numa dessas visitas notaram que estava cabisbaixo o que não era costume, estava doente!
Durante uma semana ninguém soube dele, tinha desaparecido, e um grupo de homens, alguns avós e bisavós dos nossos alunos resolveram ir à sua procura. Qual não foi o espanto de todos aqueles homens ao depararem-se com ele a dormir no Penedo do Corvo, numa toca que tinha sido abrigo de uma raposa.
Nessa mesma toca encontraram alguns cobertores, alguma comida e assim ficaram a saber que aquela era a sua casa, onde viveu mais de vinte anos.
Estes homens levaram-no para o Hospital, mas ficaram muito preocupados e revoltados com toda esta situação.
Como não eram homens de ficar de braços cruzados, resolveram agir. Para tal um desses Senhores, o Sr. Guedes, digo Senhores, porque o são verdadeiramente, foi falar com sua mãe, senhora generosa, proprietária de vários terrenos, para a cedência de uma parcela que serviria para a construção de uma casa para Zé Gaio.
A senhora cedeu o terreno perto do lugar do “Queimadouras (Alto do Seabra)“ e com a colaboração de todos construíram um verdadeiro lar para o Zé. Inicialmente não tinha cozinha mas, rapidamente construíram uma, na qual ele cozinhava e secava a roupa ao lume.
A limpeza deste novo lar era feita pelas mulheres da aldeia que se revezavam. Aí viveu muito anos até que já velhinho adoeceu e morreu, nesse dia a “menina princesa”, então com 19 anos chorou muito, pois tinha um carinho especial por ele.
Quantos Zés existirão neste País a viver, não em Penedos, mas sabemos lá onde, sem qualquer tipo de abrigo e nós sociedade, o que fazemos?
A nossa homenagem aos homens e mulheres que se preocuparam com este Zé que sendo de ”ninguém”, foi de toda esta gente de Vilarinho.
2 comentários:
Fiquei encantada por ver prestada homenagem a pessoas que se preocuparam com o sofrimento de outros.Se assim fosse nas cidades, talvez não houvesse tantos sem abrigo desprezados.
Parabens!
Infelismente as pessoas com dificiências motoras, continuam a ter dificuldades em se mobilizarem em Portugal.
Não, só no caso apresentado mas em muitos outros locais públicos.
Mas é com estes reparos, que as pessoas com responsablidades neste pais devem refletir...
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